A edição de Maio/Junho do projeto "Convidei para Jantar" tem por anfitriã o blogue da Carla, De Cozinha em Cozinha Passando pela Minha e desafia-nos a sentar à nossa mesa um escritor (a) contemporâneo.
Difícil a escolha, gosto de muitos e sou um pouco dada a fanatismo, quando me cai na mão algum livro que me cativa, de um autor que desconheço, fico sedenta de mais... e mais... e leio de enxurrada tudo o que consigo agarrar, da tal novidade.
Não consigo dizer que gosto mais deste ou daquele, que existe uma citação que me marcou... existem imensas, gosto de as rascunhar em blocos.
A escolha impõe-se e lembrei-me de uma autora que me acompanha com regularidade. Gosto dela, da forma como organiza a narrativa e entrelaça o presente e o passado, a sua escrita desliza pelas páginas leve e livre. Gosto especialmente da vida contada no feminino, em várias gerações de mulheres cujas vidas se tocam.
Tenho alguns dos seus livros minha estante, outros vou requisitando na biblioteca; "Baunilha e Chocolate", "A Viela da Duquesa", "A Siciliana","6 de Abril", "A Cor da Paixão", "Lição de Tango"... para mim Sveva Casati Modignani é "Qualquer Coisa de Bom". Neste último titulo, cada capitulo tem o nome de uma receita, que a personagem Loduvica (Lula) cozinha, temperando com muito amor e dedicação e oferecendo as delicias que lhe saem das mãos, às personagens que vão cruzando o seu caminho.
O jantar foi demorado, com muita conversa pelo meio... ela faz muitas perguntas, quis saber tudo sobre a minha vida e falou um pouco da dela também.
No final do jantar tinha algo com que a pretendia surpreender... quando o coloquei na mesa, ela rasgou o sorriso doce que a carateriza e comentou:
- "É o aspic da Loduvica"!
- Pois é, respondi-lhe, foi ela que me deu a receita!
Aspic de Frutos Silvestres
Ingredientes:
125 ml de água;
125 ml de vinho moscatel;
8 folhas de gelatina;
2 colheres de sopa de açúcar;
groselhas;
pêssego;
mirtilos;
folhas de hortelã.
Vou entregar-vos a receita tal e qual a Loduvica a executou, Aspic de Frutos Silvestres (excertos do livro).
"(...) Começou a preparar os mirtilos azuis e as groselhas vermelhas, e cortou um bonito pêssego amarelo em cubinhos. Lavou a fruta e secou-a cuidadosamente. Depois foi à sala, abriu a janela que dava para o jardim interior e cortou algumas ervas dos vasos que tinha no peitoril, um ramo de manjerição e umas folhas de hortelã (...)."
"(...) Lavou e secou o manjericão e a hortelã. Depois pôs ao lume uma frigideira, onde tinha deitado um copo de água, um copo de vinho moscatel, duas colheres de açúcar e raspa de limão. Deixou levantar fervura, fazendo derreter o açúcar e evaporar o álcool. Num recipiente baixo e largo deitou água fria e gelo e acrescentou duas* folhas de gelatina. Esperou que a gelatina amolecesse, espremeu-a bem com a mão e deitou-a na frigideira, juntamente com o ramo de manjericão. Depois pôs a frigideira no recipiente com gelo mexeu energicamente até que o preparado gelatinoso arrefeceu. A base para o aspic estava pronta e Lula sentiu um perfume delicioso (...).
"(...) Lula retirou o ramo de manjericão da gelatina e alinhou no balcão quatro pequenos copos de alumínio, em forma de tronco de cone, onde deitou uma colher de gelatina que cobriu com uma camada de groselhas vermelhas, pousando por cima uma folha de hortelã. Depois meteu-os no frigorífico para que o conteúdo solidificasse (...).
(...) Tirou os copos do frigorífico, acrescentou outra colher de gelatina, uma camada de cubinhos de pêssego, outra folha de hortelã e voltou a pô-los no frigorífico (...).
(...) Deitou nos copinhos a ultima camada de gelatina e os mirtilos, voltou a coloca-los no frigorífico e preparou um molho para acompanhamento (...).
"(...) Pôs a ferver um pouco de água com uma colher de açúcar, os restos do pêssego e alguns morangos, passou tudo na centrifugadora e meteu o molho no frigorífico para arrefecer (...)."
"(...) Era uma alegria para os olhos constatar a forma como os diferentes ingredientes se combinavam entre si (...)."
Adorei preparar esta receita, tive que ir descobrindo as quantidades. A gelatina fica divina com o perfume do manjericão, da raspa de limão e o sabor do moscatel. Passei-a por um coador para retirar a raspa de limão que a deixou algo turva, é preferível colocar a casca. As folhas de hortelã entre camadas acrescenta perfume e sabor, mas também lhe dá beleza!
As formas que usei não eram as descritas no texto, improvisei.
Claro que agora vou ter que fazer mais... isto soube a pouco!
Um brinde à minha convidada e a todos os escritores que se sentarão noutras mesas. Tenho a certeza que minha lista de "livros a ler" vai crescer, junto com a outra... a das "receitas a fazer".
Difícil a escolha, gosto de muitos e sou um pouco dada a fanatismo, quando me cai na mão algum livro que me cativa, de um autor que desconheço, fico sedenta de mais... e mais... e leio de enxurrada tudo o que consigo agarrar, da tal novidade.
Não consigo dizer que gosto mais deste ou daquele, que existe uma citação que me marcou... existem imensas, gosto de as rascunhar em blocos.
A escolha impõe-se e lembrei-me de uma autora que me acompanha com regularidade. Gosto dela, da forma como organiza a narrativa e entrelaça o presente e o passado, a sua escrita desliza pelas páginas leve e livre. Gosto especialmente da vida contada no feminino, em várias gerações de mulheres cujas vidas se tocam.
Tenho alguns dos seus livros minha estante, outros vou requisitando na biblioteca; "Baunilha e Chocolate", "A Viela da Duquesa", "A Siciliana","6 de Abril", "A Cor da Paixão", "Lição de Tango"... para mim Sveva Casati Modignani é "Qualquer Coisa de Bom". Neste último titulo, cada capitulo tem o nome de uma receita, que a personagem Loduvica (Lula) cozinha, temperando com muito amor e dedicação e oferecendo as delicias que lhe saem das mãos, às personagens que vão cruzando o seu caminho.
O jantar foi demorado, com muita conversa pelo meio... ela faz muitas perguntas, quis saber tudo sobre a minha vida e falou um pouco da dela também.
No final do jantar tinha algo com que a pretendia surpreender... quando o coloquei na mesa, ela rasgou o sorriso doce que a carateriza e comentou:
- "É o aspic da Loduvica"!
- Pois é, respondi-lhe, foi ela que me deu a receita!
Aspic de Frutos Silvestres
Ingredientes:
125 ml de água;
125 ml de vinho moscatel;
8 folhas de gelatina;
2 colheres de sopa de açúcar;
groselhas;
pêssego;
mirtilos;
folhas de hortelã.
Vou entregar-vos a receita tal e qual a Loduvica a executou, Aspic de Frutos Silvestres (excertos do livro).
"(...) Começou a preparar os mirtilos azuis e as groselhas vermelhas, e cortou um bonito pêssego amarelo em cubinhos. Lavou a fruta e secou-a cuidadosamente. Depois foi à sala, abriu a janela que dava para o jardim interior e cortou algumas ervas dos vasos que tinha no peitoril, um ramo de manjerição e umas folhas de hortelã (...)."
"(...) Lula retirou o ramo de manjericão da gelatina e alinhou no balcão quatro pequenos copos de alumínio, em forma de tronco de cone, onde deitou uma colher de gelatina que cobriu com uma camada de groselhas vermelhas, pousando por cima uma folha de hortelã. Depois meteu-os no frigorífico para que o conteúdo solidificasse (...).
(...) Tirou os copos do frigorífico, acrescentou outra colher de gelatina, uma camada de cubinhos de pêssego, outra folha de hortelã e voltou a pô-los no frigorífico (...).
(...) Deitou nos copinhos a ultima camada de gelatina e os mirtilos, voltou a coloca-los no frigorífico e preparou um molho para acompanhamento (...).
"(...) Pôs a ferver um pouco de água com uma colher de açúcar, os restos do pêssego e alguns morangos, passou tudo na centrifugadora e meteu o molho no frigorífico para arrefecer (...)."
"(...) Era uma alegria para os olhos constatar a forma como os diferentes ingredientes se combinavam entre si (...)."
Adorei preparar esta receita, tive que ir descobrindo as quantidades. A gelatina fica divina com o perfume do manjericão, da raspa de limão e o sabor do moscatel. Passei-a por um coador para retirar a raspa de limão que a deixou algo turva, é preferível colocar a casca. As folhas de hortelã entre camadas acrescenta perfume e sabor, mas também lhe dá beleza!
As formas que usei não eram as descritas no texto, improvisei.
Claro que agora vou ter que fazer mais... isto soube a pouco!
Um brinde à minha convidada e a todos os escritores que se sentarão noutras mesas. Tenho a certeza que minha lista de "livros a ler" vai crescer, junto com a outra... a das "receitas a fazer".
Bravo!! Adorei o teu texto... Tal como a autora (uma das minhas favoritas também), conseguiste fazer-me colar ao ecrã e ler sem parar... :) e esse "aspic" tem cá um aspecto!!
ResponderEliminarbjinhos
Bom dia Lenita,
ResponderEliminarA aspic ficou maravilhosa, adorei, devia estar deliciosa. sou fã de aspic, parabéns pelo post e aspic.
Bom domingo, beijo,
Vânia
super o texto mt bonito e essa sobremesa esta um luxo tenho a certeza que ela adorou bjs bom domingo
ResponderEliminarEu não sei bem o que é, mas lá que é lindo e apetitoso é :D
ResponderEliminarOlá Diogo, aspic é uma gelatina que se vai montando em camadas com recheios diversos. Podem ser legumes, frutas, uma mistura de carnes (ou peixes) frios com vegetais. Pode-se dar largas à imaginação e fazer as combinações que quisermos.
EliminarHá uns anos atrás era moda, depois caiu em desuso, apeteceu-me traz~e-lo de volta.
Bjs
Lenita, parabéns pela participação!
ResponderEliminarAs fotos do aspic estão lindíssimas e tenho a certeza que a tua convidade adorou. Já li alguns livros dela e gosto da maneira como retrata o universo feminino.
Um beijinho.
Li o baunilha e chocolate há pouco tempo e gostei muito, tal como essa sobremesa que me parece deliciosa e muito fresca
ResponderEliminarUm beijinho e boa semana
Que aspeto fantástico Lenita... só por isto, já merecia um prémio!! Espetacular!!
ResponderEliminarBjs e bom início de semana
Cady
Não sei se é mais bonito o texto ou o aspic. Nunca fiz aspic, mas lembro-me de ver nas revistas da teleculinária da minha mãe muitos aspic, não só doces mas também salgados. Lembro-me de ter colocado uma marca num de peixe. A imagem é tentadora.
ResponderEliminarparabéns.
Ana
Nossa!!! A apresentação está simplesmente MARAVILHOSA!!! ADOREI!!!
ResponderEliminarParabéns!!!
Grande beijo e uma ótima semana, Irene
Bom dia, Lenita!
ResponderEliminarFiquei encantada com esta feliz combinação.
Beijinhos!
Bom dia Lenita.
ResponderEliminarQue aspecto lindo, que fotos lindas, que receita fantástica.
Tenha uma semana cheia de momentos assim, lindos como a receita que hoje publicou.
Beijinhos
Lenita,
ResponderEliminarComo eu te compreendo. Quando gosto de um autor também procuro ler as obras todas que encontro. Gostei tanto deste aspic. Ficou lindo e já imagino os sabores dos frutos e da hortelã. Nunca li nada desta autora, mas já estou a sonhar com esse livro cheio de aromas e sabores. Palavras, sabores e aromas são amigos inseparáveis. Obrigada pela tua participação tão fresca.
Beijinhos
São lindos. Uma apresentação divina e o sabor deve ser inigualável. Parabéns
ResponderEliminarOlá Lenita, na verdade não sei se gostei mais do teu texto, ou do aspic, ambos muito bem conseguidos, e encantadores.
ResponderEliminarBeijinhos uma boa semana.
Que bonito que ficou!
ResponderEliminarJá li este livro mas confesso que não fiquei encantada, a não ser pelas referências culinárias ;)
Um beijinho
Teresa
Lenita, que delicia, fiquei morrendo de vontada de experimentar, o colorido nos alimentos me atraem demais.
ResponderEliminarBeijos
Boa semana
Ana Claudia
www.anaclaudianacozinha.blogspot.com.br
Lenita,
ResponderEliminarparabéns pelo texto, pela receita, fiquei de boca
aberta com tanta beleza!
Tenha uma ótima semana!
bjs ♥
Olá Lenita. Primeiramente quero agradecer-te o teu comentário tão generoso. Esta iniciativa de Convidei para jantar... é muito interessante. Apenas não participei na primeira edição. Achei adequadíssima a contextualização que fizeste da receita, para não falar do arco-íris de sabor e saúde deste aspic.Da tua convidada apenas tenho Qualquer coisa de bom mas já li também Baunilha e Chocolate. Admiro a sensibilidade que emana dos seus textos. Também gosto muito de Isabel Allende. Atualmente o meu escritor favorito é José Luís Peixoto por tantas razões que davam um post mas Gabriel García Marquéz foi desta vez o meu eleito.
ResponderEliminarUm abraço.
E parabéns por este blogue genuíno.
Patrícia