Só que a receita deve ir acompanhada de uma história... eu adoro contar histórias, mais as dos outros do que a minha!
Deixo por isso uma bem pequenina...
Lampreia trás-me sempre memorias do meu pai, pois a 1.ª vez que comi foi pescada e cozinhada por ele!
Ele pescava, arranjava, tempera e cozinhava-a, depois... bem depois era preciso comê-la!
Na época eu torcia o nariz e dizia que não gostava, parecia cobra... mas lá fazia o "favor" de debicar, porque comer não era comigo. Eu detestava comer! O meu maior sonho era que inventassem uns comprimidos que substituíssem as refeições!
O meu pai cozinhava muito bem, embora o fizesse poucas vezes, só quando era algo mais especial, assim... como o arroz de lampreia!
Julgo que herdei dele o gosto pela culinária, embora tenha sido uma revelação mais tardia.
Abril é um mês de celebrações cá em casa, o meu aniversário, o do meu filho, aniversário de casamento. É também um mês de saudade redubrada dele, do meu pai, pois foi o mês em que nos deixou, levou-o a água de um rio.
Ingredientes:
1 lampreia;
2 cebolas;
6 dentes de alho;
500 ml de vinho tinto maduro (de boa qualidade);
2 folhas de louro;
200 g de arroz carolino;
1/2 chouriço de carne (um bom enchido regional);
salsa:
azeite;
sal.
Execução:
Escalda-se em água a ferver a lampreia. Raspa-se bem a pele, até se retirar toda a camada peganhenta que a cobre. Esfrega-se bem com vinagre e passa-se por água fria.
Num recipiente fundo, partindo do umbigo, abre-se cuidadosamente o ventre e retira-se a tripa, sem a rebentar e aproveitando todo o sangue que escorre no processo. Sem a retirar do recipiente onde se estripou, corta-se em pedaços com cerca de 2 dedos de largura.
Faz-se um marinada com o vinho, alhos, louro e sal. Eu gosto de a deixar assim de um dia para o outro, mas não é necessário tanto tempo, umas quantas horas bastam.
Prepara-se um refogado com as cebolas, o chouriço cortado em rodelas e o azeite. Introduz-se a lampreia, acompanhada por toda a marinada, um pouco de salsa picada e deixa-se cozinhar lentamente, em lume brando.
Quando está tenra adiciona-se o arroz, que cozinha também ele em lume brando. Se necessário junta-se um pouco de água, deve ficar bastante caldoso.
Deste vez tive sorte, a lampreia estava cheia de ovas que desfiz-las no arroz que ganhou muito com isso.
Serve-se imediatamente, pois este arroz assim corrido tem que ser logo comido!
Mesaaaaaaaaaaaaaa!
Reconheço que é uma receita muito apreciada e bastante dispendiosa [a lampreia hoje em dia é caríssima].
ResponderEliminarPessoalmente não gosto. Já provei de várias maneiras e é algo que não consigo gostar, também muito pelo aspecto [que convenhamos é terrível] mas pelo sabor em si.
Os meus Pais adoram e fazem grandes jantaradas com a lampreia, vou mostrar o teu post à minha Mãe que certamente vai apreciar imenso!
Beijinho.
Lenita,
ResponderEliminarA lampreia ama-se ou odeia-se, sempre o ouvi dizer.
Nunca provei ! (Vergonha)
Seja como for, gostaria de deixar registado que o seu arroz de lampreia tem muito bom aspecto e penso que o provaria sem reservas ! :-)
Gostei muito da sua história.
Cá por casa também se celebra o mês de Abril com aniversários, o meu marido e também o meu pai fazia anos nesse mês. Também já o perdi. :-(
Obrigada pela sua partilha de um pouco da sua vida.
Isabel
www.blogdochocolate.com
Olá amiga...vim agradecer a visita e aproveito para dar uma espiada por suas receitas.
ResponderEliminarVolte sempre, ok?!
Bjuss!!!
Lenita
ResponderEliminarMuito obrigada por vires ao meu aniversário.
Devo dizer que não conhecia o teu cantinho e fiquei muito sensibilizada por partilhares um arroz tão especial.
O meu pai também já partiu e é muito bom poder falar dele.
Tenho a certeza que este teu arroz foi uma excelente homenagem à sua memória e, para mim, é uma honra especial tê-lo no meu aniversário.
MUITO OBRIGADA, pela partilha desta arroz com sabor de infância e com uma história com história.
Beijinho
Arroz é uma dádiva, é mesmo uma Festa!
ResponderEliminarChegou o dia do primeiro aniversário e à mesa estamos 33... perdão, corrijo, estamos 34, com a minha prima Margarida que trouxe o ingrediente para fazermos toda esta!
E, decerto que não nos importamos de partilhar com cada um que nos visite!
Se alguma dúvida havia sobre a festividade que o arroz encerra ela ficou completamente dissipada com esta festa. Ver chegar cada uma das participações foi também uma confirmação de dádiva, que agradeço com um rasgado sorriso.
Obrigada, nunca é demais repetir, por partilharem as vossas histórias, por trazerem o vosso arroz e estarem aqui comigo.
Não tenho a noção de quando tempo teremos estes momentos de partilha, não estou inquieta com isso, mas quero que saibam que o balanço deste ano inesperado aqueceu-me o coração e fez-me sentir grata por cada um de vós.
A ordem que aqui colocarei as participações será a ordem de chegada, creio não me estar a esquecer de ninguém - sintam-se completamente à vontade para o referirem , se tal lapso acontecer.
E, por favor sirvam-se… partilhem e saboreiem cada momento neste momento.
A festa é nossa!
Vamos, está quase na meia noite, vamos lá saborear todas estas iguarias!
http://obolodatiarosa.blogspot.pt/2012/04/arroz-e-uma-dadiva-e-mesmo-uma-festa.html