Muitos amam-na, conhecem todos os seus segredos e toda a sua história.
Outros porém, limitam-se a ignora-la, desprezam-na, mesmo sem a conhecerem.
Há quem a deteste, não a suporte, não queira sequer vê-la, sinta total repugnância e a compare e um ser rastejante e abjecto!
Entre tantas opiniões tão diferentes eu decidi aprecia-la nas suas diferentes facetas, a final esta menina já por cá anda há muito, muito tempo... sobreviveu aos dinossauros, temos que lhe reconhecer o seu valor!
Estamos na época da lampreia! A sua pesca começa em Janeiro e estende-se até meados de Abril. A partir de Maio a lampreia entra na fase da desova e deixa de ser boa para comer, terminada a desova no rio em que nasceu, ela morre.
Esta iguaria requintada é muito apreciada aqui no Minho, encontra-se nos melhores restaurantes e tasquinhas locais, atraindo turistas e atingindo a sua dose preços relativamente elevados.
Aqui por casa é tradição fazer lampreia no "Dia do Pai", ou perto dessa data.
A receita mais apreciada é o "Arroz de Lampreia". Embora muita gente receie confeciona-la, na verdade não tem nenhum segredo especial, é relativamente fácil de preparar, sendo a parte mais "chata" o amanho do bicharoco, que teima em escorregar por todos os lados.
No tempo em que eu era criança a lampreia era pescada pelo meu pai no rio aqui da aldeia, o Coura.
Ele tratava de todas as etapas, incluindo a sua confeção. Depois que ele faleceu e durante bastantes anos não comi, até que me casei e então ela voltou à mesa, desta vez pescada pelo meu cunhado Rogério e confecionada, maravilhosamente, pela minha sogra Vitória.
Agora sou eu quem a prepara e cozinha... só me falta pesca-la, mas essa parte não tenho "arte"!
Esta receita já cá estava, mas decidi fazer uma nova publicação, mais ao meu gosto atual. Não apaguei a anterior, faz parte da história deste blogue.
Esta receita já cá estava, mas decidi fazer uma nova publicação, mais ao meu gosto atual. Não apaguei a anterior, faz parte da história deste blogue.
Arroz de Lampreia à Moda do MInho
Ingredientes:
1
lampreia (de preferência com ovas);
2
cebolas;
6
dentes de alho;
500
ml de vinho tinto maduro;
2
folhas de louro;
1/2
chouriço de carne "Quinta dos Fumeiros";
4+½ chávenas de água;
salsa q.b;
azeite;
sal marinho.
Produtos de parceiros usados na confeção desta receita: arroz carolino "IGP" Orivarsea; chouriço de carne "Quinta dos Fumeiros"; sal marinho "Marnoto-Necton".
Execução:
Escalda-se a lampreia em água a ferver. Raspa-se bem a pele, até se retirar toda a camada viscosa que a cobre. Esfrega-se com vinagre e passa-se por água fria.
Num recipiente fundo, partindo do umbigo, abre-se cuidadosamente o ventre e retira-se a tripa, sem a rebentar e aproveitando todo o sangue que escorre no processo. Sem a retirar do recipiente onde se estripou, corta-se em pedaços com cerca de 2 dedos de largura.
Num recipiente fundo, partindo do umbigo, abre-se cuidadosamente o ventre e retira-se a tripa, sem a rebentar e aproveitando todo o sangue que escorre no processo. Sem a retirar do recipiente onde se estripou, corta-se em pedaços com cerca de 2 dedos de largura.
Faz-se um marinada com o vinho, alhos, louro e o sal. Eu gosto de a deixar assim de um dia para o outro, mas não é necessário tanto tempo, umas quantas horas bastam.
Prepara-se um refogado com as cebolas, o chouriço cortado em rodelas e o azeite. Introduz-se a lampreia, acompanhada por toda a marinada, um pouco de salsa picada e deixa-se cozinhar lentamente, em lume brando.
Quando está tenra, retira-se e deita-se o arroz no tacho e metade da água, deixa-se cozinhar também ele em lume brando. Vai-se juntando a água aos poucos, deve ficar bastante caldoso.
Antes do final da cozedura volta-se a introduzir a lampreia.
Serve-se imediatamente.
Antes de tomarem uma decisão sobre este prato, provem-no, mas façam-no num local que saiba confeciona-lo bem! Venham até ao distrito de Viana do Castelo onde fácil comer boa lampreia. Aproveitem para conhecer Caminha e Vila Nova de Cerveira e façam questão que vos sirvam lampreia pescada no Rio Minho, é que infelizmente também há por ai "gato por lebre".
Hola Lenita, muchisimas gracias por compartir la receta, yo vivo frente a Caminha, donde desemboca el rio Miño y conozco casi todo Portugal, pais que me encanta, me han regalado un par de lampreas que tengo en el congelador, nunca la hice con con el arroz cocido en la salsa, , lo hacia en blanco pero mi marido siempre me pide porque no hago todo junto y me daba un poco de miedo no me quedara bien , me guardo tu receta como un tesoro porque a mi marido le va a encantar, un biquiño,
ResponderEliminarTem um excelente aspecto, mas é daqueles pratos que não consigo comer!
ResponderEliminar-
Diogo Marques
Blog: A culpa é das bolachas! | Facebook | Instagram
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esse arroz está qualquer coisa como....divinal.
ResponderEliminarwww.ocantinhodosgulosos.blogspot.pt
o prato tem bom aspeto mas a receita diz que leva carne. fui pescador no rio Douro, pesquei bastantes lampreias, cozinhei algumas, mas nunca com chouriço ou presunto. Acho que carne e lampreia não combina muito bem, mas talvez esteja enganado.
ResponderEliminarOlá António,
EliminarGosto imenso deste tipo de contovérsias, e desde já agradeço o seu comentário que acho muito pertinente O livro "Cozinha Tradicional Portuguesa" a que recorro sempre que tenho duvidas e no qual confio, tem o chouriço e ou presunto na confeção dos pratos de lampreia, no capitulo Minho e Douro e aqui na zona é habitual. Não se coloca uma grande quantidade, apenas um toque para dar sabor. Eu gosto e acho que combina lindamente, mas acredito que noutras zonas não usem e fica bom na mesma de certeza.
Minha sogra Virgínia mais conhecida por "tia Gina" em Viana do Castelo (Darque) era uma pessoa que de forma tão gostosa fazia lampreia de arroz, lampreia assada e até de feijão e sempre me disse que o segredo da lampreia era colocar um pedaço de chouriça a cozer na calda. No fim já na travessa regar com bastante sumo de limão! a lampreia era esfolada e não escaldada. Mas cada terra seu uso...
EliminarLuisa
Certamente irei provar,depois direi como correu.
ResponderEliminarCada terra tem seu uso e cada roca tem seu fuso!
ResponderEliminarAdoro na minha zona é pescada no rio Douro
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