sexta-feira, 1 de maio de 2015

Arroz Doce Cremoso

- O melhor é o da minha mãe!
- Não, não! O melhor é o da minha avó.
- Qual quê!? Toda a gente diz que o melhor é o da minha cunhada!
- Não quero discutir, mas o melhor é o da minha sogra.
- Vocês dizem isso porque ainda não provaram o da minha vizinha, esse é o melhor de todos!
- Ora essa! Que mania a vossa... o melhor de todos é o meu!


É verdade, não é? 
Quando se fala em "Arroz Doce", toda a gente sabe quem faz (ou fazia) o melhor!
Lembro-me de ser uma garota e de ir com o meu pai a casa da mãe de um amigo, parece que ainda ouço o senhor a descrever o arroz doce que a mãe dele fazia, era o melhor do mundo! Estava desejosa de o provar, tanto que foi gabado durante a viagem. O aspeto era delicioso, bem amarelinho, pintado com as gemas das galinhas, que alegres corriam soltas pelo quinteiro. À primeira colherada a surpresa foi total! Os bagos de arroz estalavam ao trincar, o arroz estava "al dente", achei aquilo horrível! Menina bem educada, comi todo o arroz e ainda tive que me esquivar para não ter que repetir a dose!



O melhor para mim era o que a minha mãe fazia. Recordo aquele arrroz envolto num creme aveludado, doce, delicioso! Nunca me preocupei em aprender a fazê-lo porque essa era a especialidade dela, grande erro! Hoje tenho o cuidado de procurar aprender o mais possivel com está está na disposição de me ensinar e regsito tudo em detalhe.
Existem uma infinidade de receitas para este doce tão típico e todas diferentes. Os ingredientes vão sendo similares, mas mudam as quantidades, a forma de execução e o resultado, claro que também é diferente. São todos bons, dependendo do gosto de cada um. Há quem o aprecie bem espesso, com o bago firme, pode-se cortar à faca. Há quem goste dele muito cremoso, com o bago semi desfeito. Há quem goste dele imensamente doce, com o dobro do peso do açúcar em relação à quantidade de arroz. Há ainda, quem goste de o temperar com uma generosa quantidade de manteiga. Há até quem depois de pronto o meta no forno para tostar! Depois há as versões já mais modernas que lhe juntam leite condensado, chocolate, doce de ovos, frutas, merengue... uma infinidade de possibilidades.



Durante anos decidi não fazer "Arroz Doce", simplesmente não me sentia capaz!
Antes disso tentei muitas vezes, com diferentes receitas, recordo-me de uma até levava maizena para o "obrigar" a ficar cremoso, mas nunca consegui chegar aquele tão especial e de que tanto gosto, por isso convenci-me que não era capaz!



Há algum tempo atrás, deliciei-me com um pires de arroz doce cremoso, em casa da  minha amiga Clarisse. Ela teve a gentileza de me dar a receita e explicou-me todos os passos! Entusiasmei-me e tentei... mais um desastre, consegui talhar o arroz doce, o que não é coisa para todos! Apesar desse desaire ficou perto do que eu queria. O meu filho disse que tinha um textura engraçada e estava muito bom, ahahah! Não desisti, e dediquei-me a estudar melhor o assunto! 
Certo dia..."Eureka" fez-se luz, descobri finalmente o que me escapava! Esteve o tempo todo bem na frente dos meus olhos, mas a pressa não me deixava enxergar! 
Qual era a minha dificuldade? 
Não esperar o tempo necessário, não mexer pacientemente durante 1 hora o arroz. Eu achava que mal estava cozido já chegava, estava pronto, por isso umas vezes ficava muito espesso e outras líquido e sem piada nenhuma. Andava focada nas quantidades de arroz, leite, ovos (que também são importantes) e escapava-me o principal... tempo e paciência, num lento  e repetitivo mexer a panela! As receitas descrevem os diferentes passos, mas não referem o tempo que deve decorrer entre cada uma das etapas! 
Já sei o que estão a pensar... eu precisava de um desenho, ahahah!



Depois de ter conseguido, finalmente, um bom resultado na confeção do tão desejado arroz, resolvi experimentar usar a MFP. Desaparece a parte chata da receita e fico livre para ir fazendo outras coisas. Fiquei muito satisfeita com o resultado, mas o bago desfez-se mais, mas ganhou em cremosidade.
Faltava conseguir o sabor especial de outros tempos, procurei restituir ao leite o que lhe foi tirado (a nata e a manteiga) e arranjei ovos caseiros. 




Arroz Doce Cremoso

Ingredientes:


200g de arroz carolino IGP da Orivarzea;
500 ml de água;
casca de 1/2 limão (4 tiras);
2 paus de canela;
1/8 de colher de essencia de baunilha (opcional);
1 pitada de sal;
1,5 l de leite meio gordo (ou gordo);
200 g de açúcar;
2 colheres de sopa de manteiga;
4 colheres de sopa de nata*;
6 gemas;
canela em pó q.b.

* Caso use leite gordo pode reduzir a nata para metade ou até eliminar.


Execução na MDP:


Aqueça a água e verta-a na cuba da máquina. Selecione o programa "Doces", (na minha máquina é o número 11 e dura 1.20 h).

Retire, com um descascador, a casca do limão e junte-a à água, com os paus de canela e a baunilha (opcional).
Quando as pás começarem a girar acrescente o arroz. Deixe cozinhar até que toda a água seja absorvida.
Junte o leite aquecido com a nata e a manteiga. Deixe correr o programa até as pás deixarem de mexer (na minha máquina param a 20 minutos do final do programa). Desligue a máquina.
Volte a selecionar o mesmo programa. Junte o açúcar e retire as cascas de limão e os paus de canela.
Volte a ligar a máquina e deixe correr de novo o programa. Quando as pás voltarem a parar, retire uma concha de arroz e misture-o bem com as gemas, adicione esta mistura  ao restante arroz. Uma vez que as pás não vão voltar a mexer faço-o cuidadosamente à mão, de forma a envolver bem as gemas.
Feche a tampa e deixe ficar durante 3 minutos, para que as gemas cozinhem.
Desligue a máquina.
Retire a cuba, verta o arroz em travessas, pratos ou tigelas.
Espere que arrefeça um pouco e decore a gosto com canela em pó.

Notas:
  • Demora cerca de 2 horas, como a temperatura é mais baixa que no fogão, o bago do arroz vai-se desfazendo um pouco mas não totalmente, largando no processo toda a sua goma. O tipo de arroz usado também tem influencia, escolha um bom arroz carolino, que tem o bago mais firme;
  • É necessário prestar atenção no início para ver quando a água já foi absorvida e logo de seguida juntar o leite;
  • O leite não atinge a temperatura de ebulição e por isso não sobe, não há risco de verter para fora da cuba. Porém verifique a capacidade da cuba da sua máquina, não são todas iguais. O nivel do leite tem que ficar cerca de 2 dedos abaixo do bordo da cuba, o movimento das pás provoca oscilação e se ficar muito cheio pode entornar. Adicione todo o leite de uma vez, caso contrário vai oscilar muito e salpicar por fora.
  • O programa é acionado por 2 vezes, mas não até ao final, finda 1 hora é desliagado, para ser recomeçado.  Decorrida mais 1 hora tem que ser parado manualmente.
  • Se usar leite inteiro pode dispensar parte da nata, mas não elimine a manteiga pois aporta sabor e cremosidade.


Execução tradicional:

Leve a água ao lume com as cascas do limão, os paus de canela e umas gotas de essência de baunilha, até levantar fervura.
Junte o arroz e deixe cozer, em lume brando, até toda a água ser absorvida. Mexa regularmente.
Ferva o leite juntamente com a manteiga e a nata.
Assim que o arroz ficar sem água visível comece a juntar o leite e mexa bem. 
A temperatura do fogão deve ser baixa, é uma cozedura lenta. 
Vá juntando o leite aos poucos e mexa bem num ritmo vagaroso, mas sem parar. Repita o processo até esgotar o leite, o que deve demorar cerca de 25 minutos.
Adicione o açúcar e continue a mexer mais uns 15 minutos.
Retire do lume, extraia as cascas de limão e os paus de canela.
Coloque as gemas numa tigela, bata-as ligeiramente com um garfo.
Junte uma concha de arroz às gemas e mexa bem.
Adicione as gemas desfeitas no arroz ao tacho e mexa até estar misturado.
Volte a levar ao lume, mexendo sem parar durante 3 minutos.
Verta o arroz doce me travessas, pratos ou tigelas.
Deixe arrefecer e decore com canela em pó a gosto.

Nota: Todo o processo deve demorar cerca de 1 hora.


Aqui está tudo revelado, não há segredos, este é um doce do tempo em que não havia pressa! O maior segredo era o tempo e a paciência de mexer lentamente, em lume brando o arroz. Demora, da forma tradicional, cerca de 1 hora, mas vale bem a pena. 
Na MDF demora o dobro do tempo, mas podemos fazer outras tarefas na cozinha, porém o arroz fica mais desfeito. 
Quem tem a Bimby, ou similares, também as pode usar, encontra por ai muitas receitas. 
Vivemos num tempo de "pressas" por isso podemos socorrer-nos do que as novas tecnologias têm para nos oferecer.
Este post está enorme, ninguém tem tempo, nem paciência, para o ler mas eu gostei imenso de o fazer. Mostra como finalmente mudei um "não sou capaz" para um "eu consigo"!
Espero que possa ajudar alguém a sentir-se da mesma maneira.

6 comentários:

  1. Olá :)....
    5 *****! Adoro
    Beijocas

    http://nacozinhadaleonor.blogspot.pt/

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  2. Acho que todos os arrozes doces são bons, cada um à sua maneira! Certo é que o teu tem um belíssimo aspeto e tenho a certeza que é delicioso!

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  3. Não sou grande apreciadora de arroz doce, mas confeço que este teu ficou mt bonito !
    bjs e bom fim de semana amiga

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  4. Olá Lenita!
    Já tinha visto o teu arroz doce a passear-se todo vaidoso pelo Facebook, mas só agora tive tempo para o vir espreitar bem de perto. Isto é musica para os meus ouvidos, minha amiga, pois o arroz doce é simplesmente a minha sobremesa preferida de todos os tempos. Adoro, adoro, adoro e o teu ficu tão m as tão lindo que as imagens até parecem quadros.Adoro a cor sem dúvida que os ovos caseiro aqui fazem toda a diferença. A textura está bem ao gosto, pois prefiro o arroz doce bem cremoso. Olha agora fique aqui a babar, a olhar para os teus lindos pratinhos.
    Aah, e a tua panelinha branca é um mimo, linda. :)
    Um beijinho e votos de uma boa semana.

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  5. adoro arroz doce, e esse está tão cremoso que delicioso deve estar mesmo, adorei.


    O Cantinho dos Gulosos

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  6. Uma delicia! E eu também nunca acertava com receita nenhuma de arroz doce...

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