quarta-feira, 23 de abril de 2014

Folar de Olhão

Eu gostava de lá ir, passear pelas suas ruas, degustar o bom peixe e marisco...
Fecho os olhos e deixo-me viajar, sinto o cheiro do mar, o sol quente a brilhar, vejo a bela ilha e a ria a desfilar, tão formosa!
Encho os olhos dela, ficam até marejados, são olhos de água então!
Tão lindo que é Olhão!


Se costumam passar por cá já sabem que gosto de pegar numa receita e recria-la, torna-la um pouco minha. Porém há algumas que se lhes mexer vai certamente ser para estragar, pois já são excelentes. Outras há que por desconhecer e nunca ter comido prefiro não alterar. É o caso desta, nunca provei o folar de Olhão, mas lendo a receita e vendo a imagem do resultado, sabia que tinha que ser mesmo muito bom.


Adaptei esta receita tradicional à máquina de fazer pão, amassar à mão infelizmente para mim, está fora de questão, então socorro-me da minha "Maria MDF".
Segui a receita publicada no ano passado pela Clara de Sousa, na sua página do facebook, "A Minha Cozinha", pois não a encontrei no meu fiel guia  de "Cozinha Tradicional Portuguesa". Estranhamente não está lá, mas com a imensa riqueza que a culinária portuguesa tem não poderia lá estar tudo!



Ingredientes:

Massa

120 g de manteiga amolecida;
50 ml de leite;
200 ml de sumo de laranja;
50 ml de aguardente;
60 g de banha derretida;
1 pitada de sal;
1 saqueta de fermento seco de padeiro;
500 g de farinha tipo 65;
erva doce q.b.

Recheio

200 g de açúcar  amarelo;
100 g de manteiga;
canela q.b.
raspa de 1 limão.


Execução:

Colocar na cuba da máquina todos os ingredientes líquidos, ou seja: a manteiga, o leite, a banha, a água ardente e o sumo de laranja.
Seguidamente introduzir os ingredientes secos por esta ordem: o sal, a erva doce, a farinha e por último o fermento de padeiro.
Selecionar o programa "Massa" e deixar concluir (na minha máquina tem a duração de 1.50 h.). 


Findo o segundo ciclo, retirar a massa da cuba e colocar sobre uma superfície levemente enfarinhada.
Untar a forma manteiga e salpicar  generosamente com açúcar amarelo. 



Dividir a massa em 8 partes iguais.
Com o rolo da massa estender uma porção de modo a ficar com um disco, cujo diâmetro seja semelhante ao do fundo da forma (panela). Colocar o 1.º disco de massa dentro da forma.


Pincelar com a manteiga.



Salpicar com o açúcar.



Polvilhar com a canela.



Espalhar um pouco de raspa de limão.



Repetir o processo até esgotar toda a massa.



Deixar levedar novamente, deve crescer duplicando de tamanho.  Pode levar de 1 a 2 horas, conforme a temperatura ambiente (costumo amornar um pouco o forno e coloca-la lá dentro ou então embrulhar numa manta). 


Pré-aquecer o forno a 200º C e cozer o folar entre 45  a 60 minutos.
Retirar, desenformar de imediato, enquanto o caramelo está líquido.



Uma leitora natural de Olhão advertiu-me que o "Folar de Olhão" original é cozido numa forma metálica, ou panela de alumínio e não em barro.
Segunda ela o resultado final é diferente. Precios de comprar uma panela com este formato e assim, na próxima vez, já posso  seguir o seu conselho.
O meu folar afundou um pouco ao centro, julgo que devia ter cozido um pouco mais e aumentar a temperatura do forno, são variáveis que mudam consoante o forno que temos. 


Gostei muito de trazer um pedacinho de Olhão para a nossa mesa de Páscoa.

12 comentários:

  1. Ficou lindo, a fatia esta muito tentadora.
    Bj

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  2. Boa noite
    Fiquei sensibilizada pela maneira como descreveu a minha terra, obrigada.
    O folar de Olhão é feito de varias maneiras penso que foi sendo muito modificado ao longo dos anos, na minha infância era feito no Natal e na Páscoa e era chamado bolo de folha, o folar era feito com massa do pão juntando açucar banha erva doce canela e ovos cozidos, este folar era feito nos arredores de Olhão pelos camponeses só à alguns anos se começou a fazer em camadas foi uma maneira de juntar as duas receitas, o bolo de folha não leva erva doce e a canela é misturada com o açucar mas em muito pouca quantidade e também há quem não utilize e o açucar também não era o amarelo mas sim o branco.
    Já tentei varias vezes reproduzir o bolo de folha feito pela minha avó mas sem sucesso e penso que já poucas pessoas o saibam fazer , as que o faziam bem já cá não estão, mas não desisto talvez um dia consiga mandar-lhe a receita.
    Gina

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    1. Olá Gina,
      Muito obrigada por todas as explicações que me deixou.
      Há uma receita muito semelhante ao folar de Olhão, que de facto é confecionada com massa de pão, está no livro "Cozinha Tradicional Portuguesa" e chama-se "Bola Mirandesa", estive tentada em a fazer, mas demoveu-me ter que primeiro preparar 1,5 kg de massa de pão.
      Não misturei a canela no açúcar propositadamente, pois parecia-me imenso açúcar e achei que provavelmente não o usaria todo, mas acabei por usar. A quantidade de canela foi generosa porque gosto muito, mas acho que cada um porá ao seu gosto.
      Quanto ao tipo de açúcar segui a receita que menciono e pareceu-me muito bem, gosto muito de açúcar amarelo e carameliza lindamente.
      Mesmo as receitas mais antigas encontramos sempre muitas versões diferentes, veja o caso dos pasteis de nata...
      Ficarei radiante de me enviar a receita e garanto-lhe que a experimento.
      A Gina tem blogue?
      Bjs


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  3. Ficou lindo. Como sempre, és uma padeira de mão cheia!

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  4. Olá Lenita,

    já fui experimentar no livro da Cozinha Tradicional e realmente não consta, mas com um Portugal tem rico em sabores acho que é normal.
    Eu fiz o folar de bater e adorei mas este tem tão bom aspecto e um interior bem guloso.
    Um delicia que certamente fez as delicias de todos e que bem fica na mesa.

    beijinhos

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  5. Lindo....lindo, gostei mt deve ser bem gostoso!

    bjs

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  6. Lenita querida,
    ficou lindo, criativo e tentador, as fotos como sempre um espetáculo, parabéns!

    Bjs ♥

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  7. Eu adoro folar de Olhão, e sempre comi quando fui ao Algarve e curiosamente quando estive em Olhõa uma vez corri todas as pastelarias e em nenhuma conheciam o folar! Imaginas?
    Ficou lindo. Um beijinho.

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