- Ele há cada coisa mais estranha neste mundo, comadre! Não é que agora metem bolachas de gelatina no chá!
- Ai meu Deus, ao que chegamos! Já nem o chá escapa às modernices!
- Anda tudo doido digo-lhe eu! Dizem que são os bióticos, agora está na moda ser verde!
Podemos não conhecer, nunca ter visto nem provado, mas a verdade é que de moderno, as bebidas probióticas resultantes da fermentação do chá, nada têm, muito pelo contrário. À Kombucha é-lhe atribuída origem asiática, supostamente na China, onde se diz existirem referências à mesma desde o Séc. III A.C. Quanto à Jun a sua origem está envolta em lendas e secretismo, diz-se oriunda do Tibete, na região dos Himalaias, mas não existem registos sobre a mesma e há quem diga que se trata de uma derivação da kombucha.
Ambas são constituídas por colónias simbólicas de bactérias e leveduras, habitualmente designadas por scoby's ou bolachas, devido ao seu aspeto achatado.
Tradicionalmente a Kombucha fermenta com chá preto e açúcar mascavado, resultando uma bebida escura; a Jun fermenta com chá verde e mel, obtendo-se uma bebida mais clara, dependendo a sua cor do tipo de mel utilizado. O sabor resultante é muito distinto, a Kombucha é mais ácida. Os ciclos de fermentação são diferentes, enquanto a kombucha fermeta entre 8 a 12 dias, a Jun apenas necessita de 3 a 7 dias. A reprodução das scobys é também mais rápida na Jun.
Gosto de ambas, mas a delicadeza da Jun e o aroma que o mel lhe confere conquistou-me, sendo que a sua doçura desaparece gradualmente ao longo do processo de fermentação.
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Habitualmente o acesso a uma scoby de Jun ou Kombucha é feito através de uma doação. Foi assim que consegui as minhas, graças à minha amiga Daniela Pereira, à qual estou muito agradecida. Agora cabe-me a mim fazer o mesmo, e assim vamos espalhando estes organismos tão interessantes e benéficos para a nossa saúde.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), os probióticos são "organismos vivos que quando consumidos conferem benefícios à saúde do hospedeiro. Estas bactérias alojam-se no trato digestivo, especialmente no intestino, auxiliando de diversas formas a equilibrar a flora intestinal e fortalecer nosso sistema imunológico", entre outros efeitos positivos na saúde global. Porém cada pessoa deverá escolher os probióticos a consumir de acordo com a suas necessidades.
Jun - Bebida probiótica de Chá Verde e Mel
Ingredientes:
1 litro de água mineral;
3 saquetas de chá verde;
100 ml de chá de Jun fermentado;
4 colheres de sopa de mel.
Execução:
Ferver a água e preparar o chá de acordo com as instruções da embalagem (preferir chás de origem biológica).
Deixar arrefecer até estar morno e dissolver o mel. Continuar a arrefecer até atingir a temperatura ambiente.
Colocar num recipiente de vidro e juntar a scoby de Jun. Cobrir com um pano de tecido ou guardanapo de papel, fixo com um elástico, permitindo assim a libertação dos gases resultante da fermentação.
Deixar arrefecer até estar morno e dissolver o mel. Continuar a arrefecer até atingir a temperatura ambiente.
Colocar num recipiente de vidro e juntar a scoby de Jun. Cobrir com um pano de tecido ou guardanapo de papel, fixo com um elástico, permitindo assim a libertação dos gases resultante da fermentação.
Colocar num local protegido de luz direta (sem sol) e deixar fermentar entre 3 a 7 dias.
Ao longo do processo de fermentação a formação de sedimento é normal, pode ser filtrado usando um coador de tecido.
Transferir o chá de Jun para uma garrafa hermética.
Está pronto a consumir à temperatura ambiente ou refrigerado.
A temperatura ambiente influencia a fermentação, ambiente mais quente acelera o processo, ambiente mais frio exige um maior tempo de fermentação.
O tipo de mel utilizado irá modificar a cor e paladar do chá de Jun. Deve-se usar um mel de boa qualidade, preferencialmente biológico.
Assim que a fermentação termina reservam-se 100 ml de solução para a fermentação seguinte e recomeça-se o processo.
A Scoby pode ser lavada e retiradas peles que se formam.
A Scoby pode ser lavada e retiradas peles que se formam.
O tempo de fermentação pode variar de 3 a 7 dias, depende do gosto pessoal. A scoby alimenta-se dos açucares presentes no mel, mais dias de fermentação produzem uma bebida menos doce, com a presença de gás e mais acidificada.
As scobys de Jun têm uma reprodução muito rápida, a cada fermentação surge uma nova camada. A scoby pode manter as camadas ligadas ou separar-se formando-se uma nova bolacha. Se deixarmos o chá de Jun sem utilizar veremos que à superfície se formará uma nova scoby. Estas adotam a forma do recipiente em que estão inseridas.
Quando já temos scobys suficientes podemos começar a doar, ou reserva-las num frasco, com o chá fermentado, ao qual de dá o nome de hotel.
Nesta fase já é possível fazer novas experiências com outros tipos de chá como o chá branco ou vermelho; adicionando ao chá verde outros aromas tais como: menta, hibísco, camomila, etc., mas sempre de origem vegetal. Existem experiências de sucesso de fermentação de tisanas, sem a presença do chá verde.
A primeira fermentação produz uma bebida probiótica ponta a consumir. Podem-se-lhe adicionar sumos, frutas, legumes, chás, infusões, especiarias, cacau, etc. Pode ainda realizar-se uma segunda fermentação, já sem a scoby e assim obter sabores diferentes e até algo, que em aspeto, se assemelha a champanhe! Será um assunto para um próximo post.
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ResponderEliminarAs memórias que isto me trouxe agora! Sabes, hoje em dia fazem-se coisas que julgamos ser muito inovadoras, mas na verdade já os nossos avós faziam e naquele tempo achávamos ser algo... nem sei bem como classificar! Algo fora da caixa, diria eu! Recordo-me que a minha avó tinha num frasco algo semelhante. Uma vizinha é que lhe havia doado e explicado como fazer. Supostamente fazia bem tomar umas colheradas daquilo, naquele tempo não se sabia exatamente a que é que fazia bem, mas o importante era mesmo o facto de ser benéfico! Não sei os ingredientes usados nem faço ideia como a vizinha teve acesso a semelhante coisa (note-se que vivo nos Açores, um meio onde há 30 anos atrás nada era assim tão evoluído). O que eu sei é que a minha avó cuidava daquilo como se de algo valioso se tratasse. Ao fim de um tempo estava crescido. A minha avó doava a familiares e vizinhos. E eu achava todo aquele processo extraordinário. Depois deixei de ver isso lá por casa, talvez a minha avó se tenha descuidado e deixado "morrer". E hoje, se não fosse o teu post, já nem me lembraria! Talvez não fosse exatamente igual ao que nos mostras, ou talvez fosse. Hei-de perguntar à minha mãe a ver se me sabe dar informação pois infelizmente a minha avó já cá não está. E agora fiquei com a pulga atrás da orelha, cheia de curiosidade para saber mais e para tentar perceber se consigo arranjar disso por aqui! Obrigada pelas recordações que ajudaste a retirar do meu baú das memórias! O nosso cérebro é de facto algo extraordinário, nós não nos lembramos mas a verdade é que tudo está lá guardado algures prontinho a sair cá para fora a qualquer momento! Beijinhos
ResponderEliminarOlha que giro!
EliminarNão tem nada de novo realmente, apenas ainda é pouco conhecido por cá! Tenho várias Scobys para doar, caso queiras é só dizer. Bjs e obrigada pelo maravilhoso comentário.
Querida Lenita, aceitava de bom grado mas tendo em conta que vivo nos Açores não me parece que seja possível. De qualquer modo agradeço imenso a generosidade! Beijinhos
EliminarNão há nenhum problema em enviar ara o Açores. Manda mensagem ara o meu email e resolvemos isso.
Eliminarlenitapg@gmail.com
Muito bom!!!!
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