domingo, 27 de abril de 2014

Almendrados

Gilda, a  bela precisa nórdica, não se arrependia de ter desposado o rei mouro, na verdade ele cobria-a de amor e eram muito felizes. Porém o peito doía-lhe de saudade da alvura do seu pais no inverno.
O rei, não suportando ver a tristeza espelhada no azul dos seus lindos olhos, mandou que se plantassem amendoeiras pelos campos que abraçavam o castelo.
Certo dia subiram à torre mais alta e Gilda nem queria acreditar no que via! A paisagem  pintavam-se de branco e um cheiro doce inundava o ar. Nos seus lábios desenhou-se um sorriso e os olhos cintilaram de alegria e reconhecimento pela maravilhosa demonstração de amor.



Esta Páscoa os almendrados não vieram da pastelaria! 
Tive algum receio de me atrever com estes bolinhos, pois são os biscoitos favoritos cá de casa. Pesquisei bastante e encontrei várias receitas em blogues que acompanho regularmente, como foi o caso do No Soup For You,  do 7 Gramas de Ternura, ou ainda da página Doces Regionais. Descobri que existe uma diversidades de receitas e de nomes para eles.
Quero destacar que não tive a pretensão de recriar a receita algarvia, e na verdade, depois de ver tantas, fiquei sem saber qual será a original! Mais uma vez não a encontrei no livro "Cozinha Tradicional Portuguesa", por isso amigas algarvias se quiserem deixar-me a vossa vou ficar radiante.


Parti em busca da textura que procurava, ou seja um sabor intenso a amêndoa, num biscoito crocante por fora e macio por dentro, sem serem exageradamente doces.
Preparei os ingredientes e as claras misturei gradualmente até que a massa tivesse uma consistência leve, comecei por adicionar apenas 2 claras, mas depois arrisquei e juntei mais duas. 


Visualmente não era bem o que pretendia... tencionava ter experimentando uma outra versão, mas não me deixaram! Queriam mais e exatamente iguais, por isso rendi-me... mas não desisti, outra vez será.
Apresento-vos o resultado a que cheguei e todos os que os comeram foram unânimes em dizer que eram melhores que os da pastelaria, iupi!


Almendrados

Ingredientes (rende cerca de 24 biscoitos): 

350 g de amêndoas com pele + 50 g para decoração;
250 g de açúcar;
1 colher de sopa de amido de milho;
4 claras de ovo;
folhas de obreia q.b. (não usei).



Execução:

Forrar 2 tabuleiros com papel vegetal, ou caso vá usar obreia, cortar círculos e dispor nos tabuleiros.
Usando um robot  de cozinha, triturar o açúcar até ficar em pó (pode ser substituído por açúcar glacé, mas nesse caso juntar apenas 1 colher de sobremesa de amido de milho).
Triturar as amêndoas, obtendo uma farinha que ainda tem alguns pedacinhos maiores.
Misturar o açúcar, com as amêndoas trituradas e o amido de milho.
Bater as claras em castelo, envolver suavemente com os restantes ingredientes.
Usando uma colher de sopa, deitar coloradas de massa nos tabuleiros, tendo o cuidado de as separar um pouco. Colocar uma amêndoa inteira sobre cada biscoito.
Levar ao forno, pré-aquecido a 180º C, durante 10 a 15 minutos. 
Retirar e deixar arrefecer nos tabuleiros. Parecem moles mas vão endurecer mais ao arrefecer.


O tempo por aqui ainda chama pelo chá quentinho e se for bem acompanhado melhor ainda.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Folar de Olhão

Eu gostava de lá ir, passear pelas suas ruas, degustar o bom peixe e marisco...
Fecho os olhos e deixo-me viajar, sinto o cheiro do mar, o sol quente a brilhar, vejo a bela ilha e a ria a desfilar, tão formosa!
Encho os olhos dela, ficam até marejados, são olhos de água então!
Tão lindo que é Olhão!


Se costumam passar por cá já sabem que gosto de pegar numa receita e recria-la, torna-la um pouco minha. Porém há algumas que se lhes mexer vai certamente ser para estragar, pois já são excelentes. Outras há que por desconhecer e nunca ter comido prefiro não alterar. É o caso desta, nunca provei o folar de Olhão, mas lendo a receita e vendo a imagem do resultado, sabia que tinha que ser mesmo muito bom.


Adaptei esta receita tradicional à máquina de fazer pão, amassar à mão infelizmente para mim, está fora de questão, então socorro-me da minha "Maria MDF".
Segui a receita publicada no ano passado pela Clara de Sousa, na sua página do facebook, "A Minha Cozinha", pois não a encontrei no meu fiel guia  de "Cozinha Tradicional Portuguesa". Estranhamente não está lá, mas com a imensa riqueza que a culinária portuguesa tem não poderia lá estar tudo!



Ingredientes:

Massa

120 g de manteiga amolecida;
50 ml de leite;
200 ml de sumo de laranja;
50 ml de aguardente;
60 g de banha derretida;
1 pitada de sal;
1 saqueta de fermento seco de padeiro;
500 g de farinha tipo 65;
erva doce q.b.

Recheio

200 g de açúcar  amarelo;
100 g de manteiga;
canela q.b.
raspa de 1 limão.


Execução:

Colocar na cuba da máquina todos os ingredientes líquidos, ou seja: a manteiga, o leite, a banha, a água ardente e o sumo de laranja.
Seguidamente introduzir os ingredientes secos por esta ordem: o sal, a erva doce, a farinha e por último o fermento de padeiro.
Selecionar o programa "Massa" e deixar concluir (na minha máquina tem a duração de 1.50 h.). 


Findo o segundo ciclo, retirar a massa da cuba e colocar sobre uma superfície levemente enfarinhada.
Untar a forma manteiga e salpicar  generosamente com açúcar amarelo. 



Dividir a massa em 8 partes iguais.
Com o rolo da massa estender uma porção de modo a ficar com um disco, cujo diâmetro seja semelhante ao do fundo da forma (panela). Colocar o 1.º disco de massa dentro da forma.


Pincelar com a manteiga.



Salpicar com o açúcar.



Polvilhar com a canela.



Espalhar um pouco de raspa de limão.



Repetir o processo até esgotar toda a massa.



Deixar levedar novamente, deve crescer duplicando de tamanho.  Pode levar de 1 a 2 horas, conforme a temperatura ambiente (costumo amornar um pouco o forno e coloca-la lá dentro ou então embrulhar numa manta). 


Pré-aquecer o forno a 200º C e cozer o folar entre 45  a 60 minutos.
Retirar, desenformar de imediato, enquanto o caramelo está líquido.



Uma leitora natural de Olhão advertiu-me que o "Folar de Olhão" original é cozido numa forma metálica, ou panela de alumínio e não em barro.
Segunda ela o resultado final é diferente. Precios de comprar uma panela com este formato e assim, na próxima vez, já posso  seguir o seu conselho.
O meu folar afundou um pouco ao centro, julgo que devia ter cozido um pouco mais e aumentar a temperatura do forno, são variáveis que mudam consoante o forno que temos. 


Gostei muito de trazer um pedacinho de Olhão para a nossa mesa de Páscoa.

sábado, 19 de abril de 2014

Quindim

Passar do inverno para a primavera,
Passar do frio para o calor,
Passar dos dias escuros para a luz,
Passar da opressão para a liberdade,
Passar da morte para a vida!


A festa da Páscoa pode ter muitos significados, porém todos a queremos celebrar junto da família. Gostamos de o fazer à volta de mesas fartas e que felizes somos por o poder fazer.


A receita deste quindim foi-me gentilmente oferecida por uma amiga de longa data, que me explicou em detalhe todos os passos. Obrigada Teresa.


É um doce que apesar de ser conhecido como brasileiro tem a sua raiz em Portugal. É em tudo similar às Brisas do Liz, que se fazem com amêndoa em vez de coco ralado.  


Quindim

Ingredientes:

500 g de açúcar;
100 g de manteiga;
6 ovos + 6 gemas;

200 g de coco ralado.


Execução:

Untar uma forma com margarina e polvilhar bem com açúcar.
Pré-aquecer o forno a 180º C.
Bater o açúcar com  os ovos e as gemas.
Juntar a manteiga derretida e continuar a bater.
Adicionar o coco ralado e bater um pouco mais.
Levar ao forno em banho maria durante 60 minutos.
Desenformar ainda morno.


Votos de uma Páscoa muito feliz.

domingo, 13 de abril de 2014

Tarte de Morangos ao Natural

São lindos, vermelhos, carnudos, sumarentos,
Doce prazer, luxuriosa tentação!
Vamos esquecer o que se passa lá fora,
E comer morangos frescos meu coração?


A Páscoa está mesmo a chegar, mas apetecia-me tanto fazer um docinho!
Queria que não fosse muito pecaminoso e lembrei-me de espreitar o meu bloco de notas. Lá onde estão todas as receitas que quero experimentar (para além das que estão marcadas nos livros e nas revistas, ou as que aponto dos programas do 24Kitchen)!
Foi então que a encontrei, a tarte de morangos ao natural, fresca e bem apetitosa.


Ingredientes:

Base

1 + 1/2 chávena de farinha;
1/2 chávena de amêndoas com pele;
1/2 chávena de açúcar mascavado (pode substituir por açúcar amarelo);
100 g de manteiga fria;
1 ovo G.

Recheio*

1 chávena de água;
1/2 chávena de açúcar;
1/4 de chávena de amido de milho;
1/4 de chávena de gelatina de morango (em pó);
1 colher de sopa de sumo de limão
650 g de morangos /dependendo da profundidade da tarteira).

*Adaptação do  recheio do blogue Mummy's Kitchen, (reduzi a quantidade de açúcar a metade)
.



Execução:

Base

Triturar as amêndoas e misturar com a farinha.
Cortar a manteiga em pequenos pedaços e esfarelar com os dedos na farinha de forma a obter uma massa areada. Bater ligeiramente o ovo e misturar, mas sem amassar, apenas para ligar a massa (se for necessário pode-se juntar um golo de leite).
Formar uma bola e colocar no frigorífico durante 30 minutos.
Estender a  entre duas folhas de papel vegetal. Descolar a folha da parte superior.
Colocar a folha de papel que se retirou sobre a bancada e virar a massa sobre a mesma, descolar a outra folha. 
Colocar a massa com o papel vegetal dentro da forma, 
como se vê na imagem (isto vai facilitar imenso  no momento de desenformar).
Encher com algum feijão sobre papel vegetal o fundo da tarteira para evitar que com a cozedura a massa deforme.
Levar ao forno durante 20 minutos até dourar.
deixar arrefecer totalmente e desenformar para o prato que se vai utilizar.


Recheio

Desfazer o amido de milho na água fria.
Misturar o açúcar e o sumo de limão, levar ao lume.
Juntar a gelatina em pó.
Mexer até espessar e cozer o amido.
Deixar arrefecer à temperatura ambiente, mexendo uma vez por outra para evitar que ganhe película.
Dispor os morangos dentro da base e regar com a calda.
Levar ao frigorífico 1 ou 2 horas.



Quem quiser pode usar uma base para tarte de compra, mas garanto-vos que não é a mesma coisa. Esta massa da base é mesmo muito boa  e até pode ser usada para fazer umas bolachinhas!



Pode-se usar esta técnica para fazer tartes de fruta fresca, variando o tipo de fruta e sabor de gelatina, fica bom com pêssego, manga, ananás ... pode até ser tutti frutti!



Serve-se simples ou com um pouco de chantilly, se quiserem pecar!

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Bolachas Integrais com Abacate e Amendiom

Há quem pense que é fácil trocar uma por outra e ficar melhor servido!
Há quem julgue que o "sabor" da vida está na novidade.
Pois enganam-se, digo-vos eu!
A novidade depressa deixa de o ser e depois?
Depois... pode ser demasiado tarde para voltar atrás!
Especialmente quando se troca uma "ela" por um "ele"!


Gosto de bolachas,  mas esqueço-me de as fazer!
Ainda bem! É que quando faço não paro de as comer, talvez por isso mesmo, queria umas bolachinhas que fossem boas e saudáveis, mas parece quase uma missão impossível! O que torna a bolachas realmente boas, mesmo mesmo irresistíveis é ela... a manteiga! 




Não é impossível substitui-la, podemos sempre usar uma margarina vegetal, à base de soja, por exemplo, ou um bom óleo de girassol, de milho, de coco (esse ainda não o consegui encontrar).
Foi então, que há dias, andando eu por ai a navegar (não se esqueçam que nós portugueses somos descendentes de grandes navegadores), fui ter ao The Amazing Avocato, onde se podem encontrar centenas de receitas com abacate.
Ai li, algures, que o abacate pode substituir a manteiga, na mesma proporção. Isso interessou-me, mas será mesmo assim?



Ingredientes:


200 g de farinha  de trigo integral;
100 g de flocos de centeio (ou de aveia);
150 g de açúcar mascavado (ou amarelo);
130 g de manteiga de amendoim;
120 g de polpa de abacate;
1 colher de chá de fermento em pó;
1 colher de sopa de sumo de limão;
1 colher de café de flor de sal.



Execução:

No robot juntar a polpa do abacate com a manteiga de amendoim, o sumo de limão e o açúcar, triturar tudo.
Adicionar a farinha, o fermento, a flor de sal e os flocos de centeio, pulsar algumas vezes e voltar a triturar.
Formar uma bola e colocar no frigorífico, durante 30 minutos.
Estender com o rolo e cortar as bolachas.
Levar ao forno, pré-aquecido a 180º, durante 10 minutos.
Arrefecer sobre uma grade e guardar num recipiente hermético.


Estava tão entusiasmada com estas bolachas que me esqueci completamente das minhas tendinites e afins! Foi complicado estender a massa e carimbar, mas a vontade de estrear o meu carimbo novo superou a dor de o usar!

Uma forma de estender a massa com mais facilidade e sem se pegar ao rolo ou à bancada, é usar papel vegetal por baixo e também por cima da massa.


Estas bolachinhas ficaram boas, mas... ainda não estou convencida. Acho que vou continuar a investigar o papel do abacate, eheheh!


Tenho que vos confessar uma coisa... prometo dizer só a verdade... para mim ela é insubstituível!
A manteiga é tão, tão boa, não é justo!

terça-feira, 8 de abril de 2014

Caril de Quinoa com Espargos e Camarão

Vieram de longe, de muito longe e trouxeram na bagagem uma herança secular.
Chegaram a terra estranha e foram recebidos com desconfiança, nunca por ali se vira  nada assim!
Aos poucos os locais foram percebendo o seu valor e tudo o que poderiam ganhar com a sua riqueza e sabedoria. Deixaram-se conquistar, até porque os forasteiros eram portadores de super poderes!


Li um artigo na Visão Verde que apelida a quinoa como sendo "a semente com super poderes", isto porque tem valores proteicos muito elevados, mas não só, nutricionalmente  é riquíssima, trazendo o seu consumo regular imensas vantagens para a nossa saúde. 
Não vos vou maçar com um logo texto sobre todos os seus nutrientes e composição, mas deixo o link para outro artigo bastante completo sobre o assunto e que eu gostei de conhecer.


Nem sempre é fácil integrar nos nossos hábitos alimentares ingredientes que nos são estranhos.
Já me aconteceu por diversas vezes experimentar, gostar e depois esquecer completamente de voltar a usar determinado produto, estou a lembrar-me, por exemplo, do bulgur.
Hoje trago-voa a minha primeira experiência com a quinoa e devo dizer-vos que gostei bastante.


É muito simples e rápida de cozinhar, optei por fazer de forma semelhante ao arroz.
O seu sabor é suave, por isso pode-se temperar da maneira que mais gostarmos. Fica muito bem misturada em sopas, saladas, feita como se fosse um rissoto... há uma infinidade de maneiras diferentes de a preparar!


Ingredientes:

1 chávena de quinoa;
1+ ½ chávena de caldo de legumes;
1 cebola;
2 dentes de alho;
sementes de cominhos (opcional);
1 colher  de chá de caril;
1 colher de café de açafrão;
1 molho de espargos verdes;
350 g de camarão descascado;
coentros frescos q.b.
piri-piri;
azeite;
sal marinho;
2 colher de sopa de amêndoas;
2 colheres de sopa de miolo de pinhões;
8 tomates cherry;
4 rabanetes.

Produtos de parceiros usados nesta receita: Caril e açafrão Suldouro; sal marinho Marnoto-Necton; coentros Aromáticas Vivas.


Execução:

Cobrir o fundo de uma caçarola com azeite.
Fritar ligeiramente as sementes de cominhos.
Juntar a cebola e os alhos picados e fritar até amolecer.
Adicionar a quinoa o torrar um pouco.
Acrescentar o caldo e cozer durante 15 minutos, em lume muito brando e tapado.
Cortar os espargos em pedaços, rejeitando a parte mais dura  da base. Picar os coentros (folhas e caules), juntar ambos à quinoa e deixar cozer mais alguns minutos.
À parte saltear os camarões com azeite, alho, piri-piri e sal.
Cortar os tomates cherry e as amêndoas ao meio.
Laminar os rabanetes.
Juntar os camarões, os tomates, os rabanetes, as amêndoas e os pinhões à quinoa. Misturar bem todos os ingredientes e servir.


Esta foi a minha 1.ª aventura com a quinoa, mas acho que outras se lhe seguirão!